O Convento
Breve História do Edifício
O Convento de São José está localizado em Lagoa (Algarve). Tem uma história rica e multifacetada que reflete as transformações sociais, políticas e religiosas que marcaram os seus quase três séculos de existência.
Da Igreja ao Recolhimento: a fundação e os primeiros anos (1736-1834)

A construção da Igreja de São José ter-se-á iniciado em 1736, tendo sido celebrada a primeira missa três anos depois, em 1739. A fundação do Recolhimento de São José foi posterior, sendo formalizada em 1743 através de uma provisão de D. Inácio de Santa Teresa, Bispo do Algarve, com o objetivo de posteriormente ser transformado em Convento. Nesse mesmo ano ingressaram no Recolhimento as primeiras irmãs carmelitas.
Em 1755, a igreja, tal como muitos edifícios da época, não escapou aos danos causados pelo terramoto de 1 de novembro, que causou a queda da abóbada e danificou a torre mirante.
Nestes primeiros anos, a vida da comunidade religiosa não estava ainda devidamente regulada. Desta forma, em 1763, o Bispo do Algarve D. Fr. Lourenço de Santa Maria ordena as Constituições das Terceiras de Nossa Senhora do Carmo do Recolhimento de S. Joze, documento que estabelece as regras e diretrizes para o funcionamento desta casa religiosa.
Apesar da extinção das ordens religiosas em 1834, decorrente da ascensão do liberalismo em Portugal, o Recolhimento de São José – que nunca chegou a ser um convento, apesar de ser assim popularmente conhecido – permaneceu em atividade, destacando-se pela resiliência da comunidade que o habitava e pela sua importância para a comunidade local.
De Recolhimento a Colégio: transição e adaptação (1834-1911)

Após a extinção das ordens religiosas, o Recolhimento de São José passou por um período de transição e adaptação. O número de irmãs foi paulatinamente diminuindo. Por volta de 1850, a sua igreja foi restaurada sob o patrocínio de Luís António Maravilhas, um comerciante de Portimão, e entre 1861 e 1862, durante as obras na Igreja Matriz, assumiu a função de igreja paroquial de Lagoa.
Em 1899, o edifício ganhou uma nova função educativa com a inauguração do Colégio de São José, então gerido pelas Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Neste colégio feminino funcionava também a Associação Protectora de Meninas Pobres, reforçando o papel social e educativo do convento.
O século XX e os desafios dos novos usos do Convento (1911-
1974)


A implantação da República em 1910, trouxe novos desafios ao Convento de São José. Em 1911, ainda antes da Lei de Separação do Estado das Igrejas, as Irmãs Dominicanas abandonaram o edifício e a igreja foi encerrada ao culto. No ano seguinte, as escolas primárias de Lagoa começaram a funcionar no antigo colégio, marcando uma nova fase de utilidade pública do edifício.
Nos anos seguintes, o convento acolheu diversas instituições e serviços públicos. Em 1922, a Guarda Republicana instalou-se numa parte do edifício e, de acordo com a documentação consultada, entre 1922 e 1940 terá funcionado na igreja a Repartição do Registo Civil.
O edifício foi finalmente adquirido pela Câmara Municipal de Lagoa à Comissão Jurisdicional dos Bens das Extintas Congregações Religiosas em 1923 para a instalação das escolas primárias e de diversas repartições públicas.
Na década de 1940, a igreja reabriu ao culto por iniciativa do Pe. Joaquim António Vieira. Entre 1957 e 1961, o claustro do convento funcionou como recinto de diversões onde se realizavam bailes a favor da assistência local. A capela serviu novamente como igreja paroquial entre 1961 e 1963, durante uma nova campanha de obras na Igreja Matriz.
Em 1963, as celas do convento abrigaram a primeira sede do Corpo Nacional de Escutas de Lagoa e, em 1965, foi inaugurado o nicho da Mocidade Portuguesa Feminina de Lagoa no mesmo espaço.
O terramoto de 28 de fevereiro de 1969 causou estragos significativos no edifício, já de si muito deteriorado, resultando na transferência das aulas de ensino primário para a nova escola do Plano dos Centenários devido à falta de condições nas salas de aula no convento.
O início da atividade cultural: reconhecimento e renovação (1975-1999)

Após o 25 de Abril de 1974, o novo executivo camarário passou a encarar o Convento de São José com uma visão de natureza sociocultural com o objetivo de, através da implementação de novas dinâmicas culturais, devolver o espaço à população. 
Numa primeira fase, a partir de 1975, o edifício começou por albergar diversos serviços municipais, como os departamentos de obras, urbanismo e águas. Entre 1978 e 1979, passou por obras de recuperação e requalificação com o apoio do Gabinete de Planeamento da Região do Algarve. Por estes anos, reconhecida a importância e simbolismo do edifício para a comunidade local, o mesmo serviu, de novo, como espaço de diversões, com a organização de bailes no claustro para angariação fundos para os Bombeiros Voluntários de Lagoa.
Numa segunda fase, o edifício assumiu diversas funções culturais. Em 1985, no âmbito das festas do feriado municipal, foi inaugurado no Convento o Museu Municipal de Arte, Etnografia e Arqueologia de Lagoa, e, poucos anos depois, em 1993, o edifício seria oficialmente inaugurado como Centro Cultural da Cidade de Lagoa, contando com a presença do Secretário de Estado da Cultura.
Nesta época, o Centro Cultural ficou dotado de um gabinete de audiovisuais, de um centro de apoio à juventude, de um auditório com 90 lugares e de uma sala de exposições temporárias, albergando simultaneamente o Arquivo Histórico Municipal e o Centro InforJovem.
A requalificação do Convento de São José e o seu novo uso como Centro Cultural permitiu o desenvolvimento de um programa cultural vasto e enriquecedor para a população do município de Lagoa e do Algarve.
O século XXI e a apropriação do convento pela comunidade local (2000-2025)

No início do século XXI, o Convento de São José continuou a desempenhar um papel central na vida cultural e comunitária de Lagoa. Em 2013, a Junta de Freguesia aí instalada mudou-se para um novo edifício, permitindo novas obras de reabilitação e adaptação, e dotando o Convento de uma receção, de um posto de informação e vendas dos serviços culturais e de um novo espaço expositivo dedicado à roda dos expostos, estando igualmente prevista a instalação de um espaço dedicado ao pintor Manoel Gamboa na ala oeste do edifício.

Em 2023 teve início o Projeto CONVENTUS (2023-2025) que pretende desenvolver novos olhares, inclusivos e plurais, sobre este edifício, valorizando o seu passado junto da população local para criar as bases para a definição de um projeto museográfico enraizado na essência do lugar e da sua comunidade.
Cronologia

(em construção)

Arquitetura Conventual

(em construção)

Implantação Urbana

(em construção)

Os Usos ao Longo do Tempo

(em construção)

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